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Entrevista com a Personal Organizer: Marina Minassian

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Hoje recebo com muito carinho Marina Minassian ela é uma das coautoras do livro Personal Organizer Mudando sua Vida, junto comigo e tem uma visāo muito divertida e descontraída sobre a organizaçāo. No livro fala sobre o consumo consicente para uma vida mais suave. Seu projeto se chama "Caótica Suave". Recebam com muito carinho a entrevistada de hoje que vai contar um pouco sobre a sua carreira nesse mercado, e dizer com sua palavras como funciona o trabalho de personal organizer. 

 

 

 

Marina Minassian é Personal Organizer formada pelo Método Reorganize, exerce a profissão (do corazón ♥ ) além de ser produtora de conteúdo desde 2013 (já escreveu e palestrou para o Reorganize com Priscila Sabóia e é coautora do livro “Personal Organizer Mudando Sua Vida”. Com bom humor, se dedica a estudar e refletir sobre o consumismo e, sob o nome de Caótica Suave, defende que a Organização é ferramenta fundamental para resgatar valores sociais e ambientais.

 

 

 

1. Kalinka: O que é um Personal Organizer?

Marina: Eu acho suuuper difícil definir de forma objetiva, porque é um trabalho  com simbologia e subjetividade enormes, mas vamos lá: na minha definição, um Personal Organizer é um facilitador que reaproxima o indivíduo com os seus valores, por meio da avaliação e organização de seus pertences. Além de instruir a melhor forma de armazenar objetos ou organizar a transição deles (como numa mudança, por exemplo), é um profissional responsável por despertar maior autoconhecimento, ao fazer refletir as motivações por trás do apego-acúmulo-desordem e repensar a relação que se tem com o consumo e cuidado de suas posses.

 

 

2. Kalinka Como funciona o trabalho de um Personal Organizer?

Marina: Ai, ai… Outro ponto subjetivo! Hahaha Esse tipo de trabalho tem uma série de ramificações. A “estrutura macro”, grosseiramente falando, pode ser dividida entre Projeto de Organização e Mudanças. O Projeto de Organização é destinado a organizar uma área delimitada com finalidade específica, por exemplo um Escritório para otimizar fluxo de papéis ou um Quarto Baby para receber um recém-nascido. Nas Mudanças, a dinâmica é um pouco diferente, porque existe um passo anterior, de embalagem e deslocamento. No geral, em todo trabalho existe uma conversa prévia, para compreender rotinas, hábitos, necessidades e angústias intangíveis. Depois é avaliado o espaço, o problema físico e tangível. Feito esse amplo diagnóstico, é estipulado um orçamento e então o trabalho se segue da forma mais conveniente para cada profissional. Em meus projetos, eu  prefiro atuar de maneira mais personalizada possível, junto com o cliente para entender as histórias por trás dos objetos, sua relação com o material e imaterial. É um trabalho suuuper psicológico, que requer habilidades de escuta, empatia e afetuosidade. E ao pensarmos em conjunto, além de certificar mais qualidade, gera autonomia para que o cliente construa seu próprio pensar e busque suas próprias soluções, e essa é a sustentabilidade da organização.

 

 

3. Kalinka Quem são as pessoas que precisam de um Personal Organizer?

Marina: Não existe um público específico, aliás, tenho pavoooor de encaixotar pessoas em públicos (acho que a formação em Publicidade me gerou essa aflição haha). Categorias são para objetos, não para pessoas. O ser humano é absolutamente complexo. Então acredito que seja para qualquer indivíduo: desde aquele que visivelmente tenha problemas em manter um espaço funcional e minimamente saudável, quanto aquele que já tem certa metodologia, mas acredita que possa otimizar ainda mais. Como a perfeição não existe e o aprimoramento é contínuo, sempre há excessos pra eliminar e rotinas a serem dinamizadas. E a clareza dessas melhorias, quem traz é esse olhar profissional. E não é papo de vendas, tá? Até mesmo entre nós, profissionais, isso se aplica: uma ótica, um pensar diferente, faz com que a gente reavalie hábitos e questione “certezas”.

 

 

4. Kalinka Há quanto tempo você trabalha como Personal Organizer? Porque resolver ser Personal Organizer? O que mais gosta de organizar?

Marina: Informalmente? Desde os meus 6 anos de idade, juro! Hahaha Nunca fui muito fã de fazer feira/mercado, então eu compensava organizando a despensa toda e minha mãe ficava muito agradecida. Já criava soluções pra guardar minhas Pollys e Legos e organizava até a mochila escolar da minha irmã! Lembro de fazer minha 1ª mala de viagem aos 9 anos e da sensação de autonomia que senti. Autonomia é o que sempre me encantou.

Por isso, organização sempre foi a minha moeda de troca na família, mas fora de casa, eu tinha vergonha. Aos 16 eu já sabia que tinha gente trabalhando com isso, mas eu tinha meus próprios pré-conceitos. Aos 18, já cursando Comunicação Social, saí em crise do meu 1º estágio numa multinacional. No período entre empregos, fiz um ~extreme makeover~ na minha casa e esse padrão se repetiu: toda vez que saía de um emprego desalinhado com meus valores, eu acabava reorganizando tudo. Além de me fazer feliz, eu me sentia útil em despertar minha família pra boas práticas.

Só aos 25 anos, durante mais um emprego ~boring~, uma colega de trabalho me indicou o Método Reorganize, da Priscila Sabóia, então finalmente pude me profissionalizar da forma ideal: silenciosamente, longe de possíveis julgamentos e encaixando na minha rotina maluca em agência de publicidade. Devorei o curso conforme os módulos foram liberados, em 3 meses, mas me levou bastante tempo compreender que eu não precisava me encaixar num padrão do que eu mesma julgava ser um esteriótipo de Personal Organizer.  Só “saí do armário” (hahaha) em 2017 quando percebi que concentrar essa minha habilidade na minha casa, além de desperdício, era egoísmo. Do casamento desse estalo com a vontade de despertar as pessoas para os benefícios da organização e do consumo consciente, nasceu a Caótica Suave.

Desde então, tive uma ótima experiência profissional por 2 anos intensos junto da Priscila Sabóia e Hugo Dias e também muitos “laboratórios” que me trouxeram ainda mais clareza da minha premissa: pautada no consumo consciente e na organização de maneira a se sustentar (exigir o mínimo de manutenção possível). Por isso, gosto muito de atuar em guarda-roupas, pois a moda é o consumo mais tóxico para nós, tanto ambiental (pela extração de recursos naturais, toxinas e geração de resíduos), quanto para a saúde mental (pelo estímulo ao desejo, ao pertencimento e definição de padrões). Bem, agora fica claro o quanto eu levanto a bandeira de orgulho por essa profissão que além de trazer lucidez, auto-conhecimento e consciência de vida, empodera tantas mulheres Organizers que são sim, donas de casa. Dona de suas casas, de suas próprias vidas.

 

 

5. Kalinka O que é necessário para se tornar Personal Organizer?

Marina: A empolgação é nossa bússola interna, né? Então ao primeiro sinal de alegria e motivação ao imaginar um pedido de socorro (geralmente é assim que os projetos chegam hahaha) ou um ambiente bagunçado, você já tem o que é de mais necessário. Depois, é fundamental uma especialização, para aprender formalmente e de forma estruturada não só as técnicas, mas desenvolver todas competências que tange a profissão.

Costumo brincar que um Personal Organizer deve ter um currículo diverso, que vai desde a inteligência emocional, empatia e escuta atenta - para o relacionamento interpessoal e suporte psicológico - até a  capacidade analítica, raciocínio lógico, senso estético e noção espacial para executar o projeto em si.

 

 

6. Kalinka Onde atua o Personal Organizer? Há mercado para o profissional? Como é cobrado o valor?

Marina: A atuação pode acontecer em toda variedade de espaços: residências, instituições, ambientes comerciais e escritórios. É um mercado suuuuper amplo, então cabe ao profissional definir seu nicho (documentos, roupeiro, cozinha, pós-luto, baby, mudanças, fotografia) e a melhor forma de ser remunerado, sendo geralmente o valor hora.

Fonte: Arquivo pessoal

 

 

7. Cite 3 coisas boas e 3 coisas ruins de ser Personal Organizer:

Marina: Ao meu ver, as três melhores coisas são:

1) A imersão na vida das pessoas. É quase um estudo antropológico, então é um prato cheio para pessoas como eu, que têm sede de histórias e de diversidade. É um mergulho super profundo na evolução pessoal de cada um, isso me emociona!

2) A potência em despertar o consumo consciente. Ter contato com os objetos pessoais das pessoas, seus documento e rotinas, é a maneira mais profunda de colocar em prática as teorias que eu dissemino. A mudança é nítida e muito eficaz.

3) A amplitude de atuação. Todos vivemos, todos moramos, todos consumimos. Uma Personal Organizer tem versatilidade de, além de poder atuar em vários nichos, engajar praticamente todo mundo numa conversa profunda sobre estilo de vida, dúvidas e angústias da vida.

Os três aspectos ruins que eu gostaria de destacar:

1) Julgamento. A própria existência dessa profissão incomoda muitas pessoas, que esvaziam a complexidade envolvida nesses fazeres. Julgam que é algo superficial, sem qualificação, como um acessório de luxo.

2) Esteriótipos. Existe a crença de que profissionais dessa área são mulheres, talvez ex-donas de casa, que estão tentando ser remuneradas por algo que tecnicamente não é necessário. Essa é uma visão manchada pelo patriarcado e por contextos históricos que têm a intenção de colocar a capacidade e autonomia feminina em descrédito. 

3) Carga física e energética. É um trabalho que exige muita disposição física: para ficar em pé, subir escadas, carregar peso, lidar com poeira e ambientes apertados e/ou quentes. Energeticamente, é melhor estar preparado para que um possível ambiente negativizado não nos “puxe” para baixo e reduza nossa disposição para os próximos dias.

 

 

8. Dê alguma dica de organização ou conselho para nossos leitores:

Talvez a melhor dica não seja muito pragmática, mas é potente. Mude sua ótica em relação ao desapego. Não pense no que você quer deixar ir, mas se você deseja que aquilo permaneça na sua vida. Lembre-se dos motivos pelo qual aquilo chegou até você e evite a entrada numa próxima. Esse é o maior exercício do consumo consciente e, por consequência, vai colaborar em grande escala para seu nível de organização.

 

9. Indique algum produto de organização que acha essencial ter:

Sei que eu compro algumas brigas por isso, mas eu não posso falar que algum produto é essencial, e na minha própria experiência profissional isso já se comprovou. Houve um tempo em que eu fui hipnotizada por cabides de veludo e depois de vários projetos usando outros materiais e de formatos similares, vi que todos tem suas vantagens e desvantagens na conservação e organizaçñao. Absolutamente tudo é personalizado e depende da estrutura que já existe, da quantidade de coisas que se tem… Não existe uma indicação geral e exata. O essencial é ter o que cabe no seu espaço (e até menos, se possível haha).

Para acompanhar o trabalho da Marina, acesse:

 

 

Instagram

E-mail: hola@caoticasuave.com.br

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